quarta-feira, 30 de abril de 2014

Nas Alturas, mas não tão alto



          Desde 17 de abril no teatro Bradesco, localizado no shopping Bourbon em São Paulo, está em cartaz o musical “Nas Alturas”, versão brasileira do “In the Heights” da Broadway.
          Este musical tem a missão de colocar no palco uma linguagem corporal diferente do que estamos acostumados nos musicais “tradicionais”, pois não usa como base o ballet e o jazz, mas o rap, hip hop, break e algumas danças latinas como salsa... E cumpre a missão. Os bailarinos são o destaque deste musical, com coreografias elaboradas e demonstrando total domínio no corpo, seja nas cenas de movimento ou nas coreografias paradas.
          O cenário preenche muito bem o espaço cênico, mas peca na direção por ser pouco utilizado. Uma vez que permite que atores subam no andar superior dos prédios, apenas duas breves cenas, no início do segundo ato, utilizam desta possibilidade, enquanto todas as outras acabam no “piso térreo” sem dar dinâmica de níveis.
          A orquestra, visível por completo no fosso, é algo que rouba a cena em diversos momentos, não consigo dizer se esta foi uma proposta do diretor ao fazer a orquestra ficar a vista da plateia ou se foi falta de planejamento cenográfico, pois em praticamente todos os outros musicais que se utilizam de orquestra apenas a cabeça do maestro é visível, e como as coreografias são muito elaboradas, a sensação que dava era que em algum momento algum bailarino poderia cair na rede de proteção.
          Quando chegamos ao assunto atuação, destaque ao elenco principal feminino, principalmente para Myra Ruiz no papel de Nina, Renata Brás como Daniela e Germana Guilherme como Camila, não há momento em que estas atrizes estão em cena que a plateia não esteja atenta a tudo que se passa, principalmente nos solos de cada uma, que rendem aplausos efusivos. Por outro lado o elenco protagonista masculino deixa muito a desejar. Por se tratar de um musical “underground” o protagonista Usnavi (vivido por Péricles Carpigiani) tem a missão de cantar em Rap todas as suas linhas, mas muito se perde do que é dito e a musicalidade deixa a desejar, em outros momentos onde ele não canta ele mantém o personagem com muito êxito, Ricardo Marques como Benny é o elo mais fraco neste musical, sua interpretação é mediana e ao fazer par romântico com Nina (Myra Ruiz) percebe-se o abismo que os separa, tornando suas cenas monótonas e longas, os destaques do elenco masculino ficam com Gabriel Malo como Sonny e  Thiago Viann como Graffiti Pete que por terem personagens com características cômicas, aliviam o clima deste musical com seus timings perfeitos.
           Em uma escala de 0 a 10 o musical acaba ficando com nota 7, sendo salvo pelas elaboradas coreografias, as gags de Sonny e Graffiti Pete e pelos incríveis solos femininos mencionados. Vale a pena ser visto, mas não chega a ser imperdível.

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